Das dores

            Das dores 

            Dor é um tema recorrente em minha alma. Há vários tipos de dores: físicas e emocionais.

            Das dores físicas não falarei, a não ser como exemplo de outras mais profundas, porque não sou afeita, nem muito afetada por elas.

            Mas dores emocionais são marcas constantes do nosso viver aqui na Terra, pós trangressão original, que nos sujeitou a todos indistintamente, espalhando-se por toda forma de vida criada. 

            Toda natureza de nosso planeta, quiçá do Universo é afetada por este tipo de sofrer.

            Aprendi algumas coisas em meus períodos de sombra.

            Primeiro, descobri que a dor é uma experiência universal, ou seja, todos nós, sem exceção, sofremos seus ataques e efeitos. 

            Embora a nós nos pareça, no momento em que fomos atingidos, que somos os únicos a sofrer, existe, no mesmo instante, outros milhões de pessoas pelo mundo a sofrer por motivos idênticos.

            No entanto, e isso foi a segunda coisa no meu aprendizado, a "dor é de quem sente". Ou seja, embora as raízes ou causas sejam iguais, minha dor é só minha, a sua é só sua. 

            Elas vêm carregadas das nossas vivências, carências e capacidade de suportá-las. Por isso, às vezes torna-se meio sem sentido dizer: "eu sei o que você está passando". Não sabe, não sei.

            Outra coisa que aprendi é que ninguém diz da sua dor tudo o que ela faz dentro de si. O que mostramos é apenas a ponta do iceberg. 

            Já dizia meu cronista predileto: "A nossa dor não sai nos jornais," (Artur da Távola). 

            Há um pedaço dela que guardamos só dentro de nós, avaramente, até por uma questão de auto-proteção e sobrevivência. Um último pensamento me ocorre.

            É que não posso fazer nada para amenizar a sua dor, nem você a minha, a não ser emprestar os braços para um abraço e um ombro para que o outro descanse sua cabeça sofrida e inquieta.

            Vale lembrar, por fim, a disposição dos amigos de Jó, que foram tão sábios em suas primeiras atitudes com relação ao padecimento de Jó (Jó, capítulo 2, versículos 11 a 13):

            1º- concertaram vir consolá-lo;

            2º- não o conhecendo (disforme pela dor e pela doença), choraram por ele;

            3º- assentaram-se com ele, sete dias e sete noites, e esperaram que ele estivesse disposto a falar.

            O resto a gente já sabe. 

            Não podemos abarcar o mundo com nossos braços curtos e frágeis, mas podemos sentar, chorar e ouvir e, se possível, distribuir abraços e amor.

            Eu não poderia deixar de dar minha opinião sobre o personagem que inspirou minha mãe:

            Que pecado Jó cometeu para ser tão duramente castigado?

            Será que foi porque ele era justo demais? 

            Há uma frase infame que diz: "Não há boa ação que não fique sem punição." Será?????

            Jó era um homem tão justo e perfeito que mesmo depois de 40 anos sofrendo as dores de todas as perdas e suportando uma mulher extremamente rixosa, ele não só perdoou sua mulher como também teve mais 10 filhos com ela.

           E mulheres, aqui há 2 mistérios de Deus:

           1- A mulher de Jó há muito já não deveria poder ter filhos. Seus 10 filhos anteriores morreram já adultos e depois de casados.

           Então quando Deus determina, a natureza se curva à Ele.

           2- A Bíblia fala que as 3 filhas que eles tiveram eram as mulheres mais belas da Terra e seus nomes eram Jemima, Quézia e Quéren-Hapuque.

           Elas não só tiveram seus nomes registrados para a posteridade, como também receberam herança como os irmãos homens, o que não era comum, e foram consideradas as mais belas, certamente pela luz de Deus em si mesmas.

           E os filhos? Quais os seus nomes? Por que não apareceram? Bom, isso é tema para outra reflexão.

           E POR QUE Deus fez tudo isso com Jó? Por causa da provocação do nosso inimigo maior????????

           NA, NA, NI, NA, NÃO! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO MESMO!!!!!!!!!!

           O amor de Deus por aquele Seu servo e a confiança que Ele tinha nele era tão imensurável que Deus permitiu que Jó passasse por tudo isso, como o barro na mão do oleiro, para que ele pudesse receber toda glória e recompensa que Deus havia projetado para ele.

           Desde o início Deus planejava recompensar a fidelidade de Jó, mostrar não só ao mundo antigo, mas também a nós hoje e a quem mais chegar no futuro o quanto Ele é capaz de amar e abençoar aqueles que O amam de todo coração e O colocam em primeiro lugar em suas vidas.

           Deus te levou ao deserto? Não se preocupe: uma nuvem te protegerá de dia e uma coluna de fogo durante à noite, e no final a Terra Prometida.

           Está se sentindo só e humilhado????? 

           Feche os olhos e deixe Deus te mostrar o tamanho da guarnição de anjos e de nossos amados que Ele já chamou para Si e que Ele destacou para estarem ao seu lado.

           Depois abra seus olhos e olhe ao redor. 

           Você verá seus amigos, família e irmãos, que podem não entender o que está acontecendo com você e uma hora eles vão se calar, mas não sairão do seu lado.

           Afinal, cada indivíduo também está em seu próprio deserto. Às vezes por conta própria, às vezes pela direção de Deus, às vezes por permissão de Deus.

           E NA, NA, NI, NA, NÃO! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO MESMO!!!!!!!!!! Não é porque o nosso inimigo maior instigou Deus contra nós.

           É porque o oleiro precisa depurar o barro para poder criar o mais belo e perfeito vaso.

           Lembrem-se: nós somos bonequinhos de lama que ganharam vida pelo sopro do Criador.

           Para Sua honra e glória.

                    Gisele VasFi